Os subgêneros do terror

Maysa Costa
16 min readJul 25, 2018

O paradoxo do terror é uma teoria criada por Nöel Carroll , crítico literário que escreveu o livro “A Filosofia do Horror ou os Paradoxos do coração”, que consiste em dizer que o que nos faz atrair pelo gênero é a curiosidade, os personagens usados em filmes de terror fogem da nossa ideia de organização. Por exemplo: sabemos que mortos devem permanecer mortos, monstros não existem e animais de tamanho gigante capaz de engolir um barco ou derrubar prédios é logicamente impossível, porém no terror tudo isso é mudado e até psicopatas que é o mais próximo de se existir são retratados de uma maneira desumanizada. Já que o medo do desconhecido nos seduz tanto a ponto de procurar saber mais a respeito, eu separei algumas classificações dos subgêneros do terror.

P.S: Tudo que tá em itálico são minhas opiniões a respeito da minha experiência com o filme que indiquei.

  1. Sobrenatural

É o subgênero mais popular e com toda certeza o mais assistido. Definido pela presença de uma força sobrenatural no filme, seja hostil ou pacífica, geralmente contêm aparições de demônios, entidades, fantasmas e afins.A leva de filmes com temas sobrenaturais é grande, mas eu separei três, de épocas diferentes que eu considero marcantes.

Cena de “O Exorcista” (1973)

O primeiro é “O exorcista”, que narra a história de uma atriz que percebe mudanças estranhas na sua filha de 12 anos e por falta de solução médica procura ajuda de um padre, pois acredita que é algo sobrenatural. Vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado e melhor edição de som, o exorcista marcou época nos anos 70 principalmente por ter sido o primeiro filme de terror a ser indicado ao Oscar de melhor filme.

Eu assisti ao “O exorcista” quando tinha uns 15 anos, eu já não tinha mais medo de temas sobrenaturais, mas confesso que esse filme me seduziu a ponto de eu ter assistido mais de uma vez. Há alguma coisa intrigante no exorcista que me dava arrepios, mas não era aquele tipo de medo que me dava susto e depois passava, era um medo que me corroía por dias , me levando a reflexão sobre a época na qual exorcismos eram facilmente permitidos (tanto é que o autor do livro disse que se inspirou numa matéria de jornal que mostrou a permissão de exorcismo nos 40 de um jovem rapaz).

Cena de “Invocação do mal” (2013)

O segundo é “Invocação do mal”e conta a história de uma família que vive numa grande fazenda em Harrisville, lá eles sofrem perseguições paranormais e terminam contratando dois investigadores de atividades paranormais. Baseado numa história real de um casal que se autointitula investigadores paranormais ,Ed e Lorraine Warren, invocação do mal foi sucesso de bilheteria e amedrontou muitos por aí.

Eu assisti a “Invocação do mal” muito tempo depois que ele saiu do cinema, o que me fez ter essa ideia foram as boas críticas que eu tinha lido sobre ele, surpreendendo-me bastante, pois havia muito tempo que não ouvia falar de um filme de terror com temática sobrenatural que chegou a ser tão bem criticado assim. Sendo sincera, eu não tive tanto medo desse filme quanto eu esperava ter, mas isso eu suponho que seja muito mais por causa do meu descrédito em espíritos do que problemas do filme, mesmo assim eu realmente gostei dele. Invocação do mal conseguiu resgatar o que há muito tempo estava enterrado, o terror de atmosfera.

Cena de “Poltergeist” (1982)

A terceira e última indicação a respeito desse gênero é “Poltergeist”. O filme fala sobre uma típica família da Califórnia que vive numa casa aparentemente normal, então a filha caçula começa a ver manifestações paranormais, tudo piora quando ela desaparece e a família precisa contratar uma médium para tentar resgatá-la. Poltergeist além de possuir indicação ao Oscar de melhores efeitos visuais, ficou popular por causa de súbitas mortes de partes do elenco do filme, como a atriz que fez a filha caçula e a que fez a filha mais velha.

Eu devo o fato de ter assistido “Poltergeist” a minha mãe, ela que detesta filmes de terror desde criança, coloca a culpa no meu tio a respeito de ter assistido esse. Ela me falava tanto desse filme que eu realmente fiquei curiosa e por isso vi. Entretanto devo dizer que apesar de bom, “Poltergeist” é extremamente datado, isso porque os efeitos especiais feitos por computador da época são toscos comparando com o que temos hoje em dia (os efeitos práticos usados nesse filme são muito atemporais, por isso que sou tão a favor de efeitos práticos). O que me faz indicar esse filme, além da questão nostálgica, é que ele é bastante divertido, muito improvável que você tenha medo como as pessoas dos anos 80 tiveram, mas é aquele filme que é maravilhoso para se assistir em grupo e dá sustinhos uns nos outros depois.

2. Slasher

Foi um subgênero que se popularizou bastante nas décadas de 80 e 90, consiste em filmes com assassinos que buscam por vingança ou serial killers que matam quaisquer pessoas puramente por prazer. Infelizmente, costumam possuir muitas sequências de pouca qualidade. Entretanto, há alguns que ajudaram a criar os famosos “esteriótipos” de filme de terror, como por exemplo a pessoa virgem sempre permanece viva e quem faz sexo sempre morre.

Cena do filme “Pânico” (1996)

Minha primeira indicação desse subgênero é “Pânico”, o filme acompanha a vida de Sidney Prescott, estudante do ensino médio de uma cidadezinha na Califórnia, que se torna alvo de um assassino em série, o ghostface. O filme se tornou popular principalmente porque ele deixava claro a existência de filmes de terror e até satirizavam o gênero, entretanto continuava a deixar o espectador tenso pela vida da Sidney e dos personagens ao redor dela. Apesar de está envolvido em polêmicas, pois acusaram-no de influenciar mortes nos EUA, Pânico revitalizou o subgênero slasher que todos achavam que ficaria apenas nos anos 80.

Eu simplesmente AMO a franquia “Pânico”, posso admitir que não são todos tão incríveis como o primeiro (nem tão bons), mas “Pânico” trouxe o gênero slasher de volta aos anos 90 e de uma forma muito engraçada. Você se identifica com o filme porque os personagens tem plena consciência de como funciona um filme de terror, eles conhecem o estereótipo do gênero, quem tem mais chances de morrer primeiro e o que não se deve fazer para não ficar na mira de um assassino em série. Esse filme trouxe um novo olhar para o terror slasher (tanto é que ganhou muitas sequências e muitas paródias) e é um dos poucos filmes que encho a boca pra dizer “todos deveriam assistir” quem gosta de terror e quem não gosta é uma experiência única (principalmente se você sabe pouco a respeito do filme).

Cena do filme “A Hora do Pesadelo” (1984)

A segunda indicação é “A Hora do Pesadelo” que gira em torno de um grupo de jovens de uma cidadezinha de Ohio que são assombrados pelo Freddy Krueger, senhor dos sonhos. Esse filme foi muito elogiado nos anos 80 por usar técnicas inovadoras e baratas para fazer efeitos especiais como massa de panqueca, sangue falso com base de água vermelha e set rotativo. A ideia do filme veio quando o diretor roteirista, Wes Craven, leu a respeito de uns refugiados cambojanos nos EUA que morreram durante o sono, fato nomeado pelos médicos da época como síndrome da morte súbita asiática.

Esse filme foi o assunto do momento em 2003, isso porque nesse mesmo ano lançava o crossover “Fred X Jason” que abordava uma luta entre os protagonistas de “A Hora do Pesadelo” e “Sexta feira 13”, era o crossover do século, todo mundo queria assistir, meus colegas e eu que estávamos na faixa dos 7 anos de idade, não tínhamos alguma expectativa de ver no cinema (a menos aqueles que tivessem irmãos mais velhos para levar). Recordo-me muito bem de “Hora do pesadelo” passar na TV de madruga e eu assistindo a ele e depois com medo de ir dormir, é um filme muito marcante principalmente pela ideia do perigo está em seus sonhos ou o perigo só existir na sua cabeça. Hoje em dia, pode até ser datado por ser bem caricato alguns personagens, mas é uma ótima experiência para os que se propõe a tê-la.

Cena do filme “Halloween” (1978)

A terceira indicação é “Halloween” , filme que conta a história de Michael Myers que com 6 anos assassina sua irmã mais velha a facadas no Halloween, 15 anos depois ele foge do hospício que estava e começa a perseguir a adolescente Laurie. Halloween foi o filme que criou os estereótipos do subgênero slasher: “a pessoa má deve sempre ser punida”, “a pessoa virgem sempre vive no final” e “quem pratica qualquer ato sexual ou faz uso de substâncias ilícitas morre”. O assassino do filme foi inspirado em um cara real que retirava as peles das pessoas para fazer máscaras e roupas com elas.

Eu só assisti a “Halloween” quando descobri que “O massacre da serra elétrica” é inspirado nele. Para falar a verdade, eu descobri, numa comparação entre eles, que “Halloween” é infinitamente melhor, não só porque conseguiu fazer um ótimo filme com baixo orçamento, mas também por criar os “estereótipos de gênero” quando não eram estereótipos de gênero. Ele é muito mais que um simples filme de terror, a atmosfera que é criada dentro dele é sufocante, a ideia de ter alguém te observando e te perseguindo , deixa alguém paranoico. A história de Michael Myers aterroriza justamente por ser tão palpável da realidade.

3. Trash

É o subgênero do absurdo, geralmente traz cenas escrachadas de violência que chega até a ser meio tosca. Por ser de baixíssimo orçamento, alguns são propositalmente ruins outros terminam sendo ruins pela falta de investimento. muitos diretores famosos começaram com esses tipos de filme como: Peter Jackson, Sam Raimi e Ed Wood. Como esse filme é conhecido por sua maioria por ser “ruim”, eu fiz diferente e selecionei três filmes de terror trash que ganharam críticas razoavelmente boas ou muito boas, por trazer criatividade junto ao seu baixo orçamento.

Cena do filme “Planeta Terror” (2007)

O primeiro que indicarei é “Planeta Terror”, projeto de Robert Rodriguez com Quentin Tarantino , acompanha um grupo de pessoas tentando sobreviver ao apocalipse zumbi. O filme inteiro é como se fosse uma revitalização de zumbis que marcaram época, gravado em película para que tivesse um aspecto mais antigo , ele conta com diálogos fluidos e uma ótima montagem. Apesar de não ter tido boas bilheterias na época, ele obteve críticas favoráveis principalmente pelo fato de não se levar a sério e entender-se como “Trash” , fazendo com que funcione tão bem.

Como eu gosto muito de Tarantino, quis logo assistir o projeto dele com o Rodriguez “Grindhouse” que são dois filmes dentro dele “Death Proof” na qual não gostei e “Planet terror” , o trash citado acima. Esse filme me conquistou principalmente por não se levar a sério, os diálogos me faziam chorar de rir, era tudo de um absurdo impressionante, mas eu simplesmente não conseguia desistir de assisti-lo.

Cena do filme “Rubber: o pneu assassino” (2010)

O segundo filme Trash que eu indico é o filme francês “Rubber” que se trata (como o subtítulo em português explica) de um pneu assassino. O filme é também é trash intencionalmente e traz consigo muitas metalinguagens da relação filme x espectador que é de surpreender, para a surpresa de todos não se nota um descaso com a produção do filme, muito pelo contrário, o filme tem ótimos planos (como esse da direita remetendo a filmes de faroeste) e uma fotografia que conquistou até os críticos de Cannes (onde foi exibido e até ovacionado).

Eu vi “Rubber” depois de assistir a um vídeo de Otávio Ugá, youtuber e crítico de cinema, na qual ele tratava dos “piores filmes do mundo” e falou especialmente sobre esse filme. Depois que eu assisti a “Rubber”, eu vi que Otávio tinha razão a respeito dos aspectos desse filme, a pessoa realmente observa cuidados do diretor na produção desse filme. Ele não é engraçado porque é “tão ruim que chega a ser engraçado”, ele é engraçado porque ele foi pensado pra ser assim. É um daqueles filmes que indico para quando você estiver mal e quer um filme para se divertir e esvaziar a mente.

O link do vídeo

Cena do filme “Uma noite alucinante: a morte do Demônio” (1981)

A terceira e última indicação desse gênero é “A morte do demônio” que narra a história de cinco amigos que vão passar um fim de semana numa cabana isolada e começam a ter estranhas experiências após encontrar um estranho livro. Escrito e dirigido por Sam Raimi, foi um longa de baixo orçamento que ele quis produzir com um grande amigo, o que eles não esperavam é que quando estavam tentando levantar o interesse de investidores, o próprio Stephen King viu o filme e escreveu uma crítica positiva, fazendo com que Sam e Bruce conseguissem que grandes empresas se interessassem em distribuir o filme pelo mundo.

O interesse de assistir a “Morte do Demônio” quando eu descobri que Sam Raimi usou o primeiro carro que ele ganhou em todas as suas produções, então eu fui eu conferir se o mesmo carro que tava em “Homem-Aranha” estava em “Morte do demônio” e realmente, Sam faz esse carro aparecer em todas as produções que tem seu nome envolvido. Dos três “trashes” indicados esse foi o que menos gostei (quase não terminei), porque tem muitos toques de “gore”, o que não me atrai num filme. Apesar do filme não ter me assustado depois, durante a experiência eu tomei grandes sustos e fiquei muito agoniada (tudo graças ao Sam Raimi e seus efeitos práticos que deixam esse filme menos datado).

4. Gore

Não é um subgênero para todos, o gore abusa de cenas nojentas para levar ao desconforto. A violência desses tipos de filme são muito gráficas e isso se reflete na censura dele, podendo até ser proibido em alguns lugares. Como é um dos subgêneros que menos gosto, foi difícil escolher três filmes para indicar filtrando meu gosto pessoal + críticas positivas, então eu decidi apelar muito mais para o lado das críticas.

Cena do filme “Jogos Mortais” (2004)

Baseado nos 84% de aprovação no rotten tomatoes e nos 8.1 de nota do metacritic , “Jogos Mortais” é minha primeira indicação. Um filme que mostra o horror do Dr. Lawrence e do fotógrafo Adam, ao perceberem que acordaram algemados e estão participando de um jogo doentio na qual são necessários alguns sacrifícios para que consigam escapar com vida. O que mais surpreendeu a respeito dessa produção foi como um filme que foi gravado apenas em 18 dias, conseguiu mostrar um roteiro tão fechadinho e eficaz. Infelizmente não se pode dizer o mesmo das outras franquias de “Jogos Mortais”.

Então, eu realmente não sou a maior fã de Gore, por isso eu não tenho uma experiência a relatar com “Jogos Mortais”. Eu já tentei assisti-lo, mas realmente não deu, me dava ânsia de vômito e tontura só de vê as cenas (o que não quer dizer que o filme seja ruim, muito pelo contrário, ele é eficaz, pois cumpre com sua proposta). O fato de eu ter escolhido “Jogos Mortais” como indicação ,além das boas críticas que ele tem no rotten e no metacritic, foi que ele retomou uma criatividade que estava perdida nesse gênero, por isso alcançou boas recomendações e conquistou tantos corações.

Cena do filme “Grave” (2016)

Escrito e dirigido pela francesa Julia Ducournau, “Grave” acompanha a vida de Justine que vê sua vida mudar após entrar na faculdade de veterinária e ser obrigada a comer carne em um trote. Recheado de gore, o filme tem muito estilo e até nos leva a reflexão sobre o rito de passagem da juventude. Utiliza o canibalismo do filme como metáfora para desejo sexual e o uso de planos fechados para evocar a sensação claustrofóbica que a protagonista está passando, fazendo com que “Grave” subverta o próprio subgênero Gore.

Essa segunda indicação é mais baseada em uma experiência própria. “Grave”, foi um dos poucos filmes que vi de gore na minha vida, eu me arrisquei por conta própria, porque eu vi que nunca tinha adentrado bem nesse subgênero, para poder ter uma opinião sobre ele, afinal não tem como eu formar uma opinião sem conhecer o filme(ainda não estou tão por dentro assim). “Grave” me encantou tanto pelo estilo de filmagem, quanto pela sutileza em abordar temas, era raro de se vê filmes de terror que trouxesse uma reflexão mais social (o que mudou tanto por causa de “Grave” quanto por “Corra”).

Cena do filme “Violência gratuita” (1997)

“Violência gratuita” é um filme austríaco que narra os momentos de tensão que uma família passa ao perceber que suas férias são bruscamente interrompidas por dois adolescentes psicopatas que gostam de fazer jogos doentios com alto uso da violência. O gore desse filme está muito mais no peso da consciência. Engana-se quem acha que ele deixa totalmente explícito as cenas de violência, não é que não tenha cenas fortes, mas o ponto alto desse filme é o diretor nos deixar de cúmplices desses psicopatas.

Essa terceira indicação foi a mais difícil, pois eu não tendo a assistir coisas consideradas gore, mas eu assisti “Violência gratuita” sem saber desse título em português, eu encontrei “Funny games” (título original em inglês- jogos divertidos) e decidi assistir por achar diferente o título para um filme de terror. Então me vi imersa na angustia de acompanhar uma família que parece que teve seu destino traçado desde a primeira cena do filme (a quem interessar assistir a esse filme, atentem-se a mudança brusca de trilha sonora), o que me fez terminar esse filme foi perceber que o “nojento” não era nem as cenas em si do filme, era muito mais os personagens agindo como se houvessem espectadores para as atrocidades que eles faziam, ou pior, que eu era cúmplice das atrocidades deles.

5. Found Footage

É um falso documentário, seu maior forte é o custo de produção que é muito baixo principalmente por causa do uso de uma câmera na mão com pequena qualidade. Esse tipo de subgênero aborda todo tipo de história, situações com monstros, fim do mundo, serial killers e também não é exclusivo de terror, no âmbito da comédia também é crescente o uso desses falsos documentários.

Cena do filme “O segredo do Lago Mungo” (2008)

“O segredo do Lago Mungo” acompanha a família Palmer que perdeu sua filha recentemente e acredita está vendo manifestações sobrenaturais do espírito dela, por conta disso, contratam um parapsicólogo para ajudá-los a entender se o que estão vendo é real ou não. O filme é muito competente ao tentar convencer o espectador que tudo aquilo é real, fazendo uso de fotos e vídeos antigos adentramos numa verdadeira investigação sobre a vida de Alice Palmer. Não se engane se você for assistir achando que é puramente um filme de terror fingindo ser real como “Atividade paranormal”, as reviravoltas desse filme irão te surpreender.

O fato de eu ter escolhido esse filme para indicar se dá principalmente que quem me indicou me pediu para assistir sem eu saber de nada da história, ou seja, eu realmente achei que era um documentário de verdade (pelo menos que era sobre a morte de uma garota). A medida que eu acompanhava o filme, eu comecei a duvidar da veracidade daquilo que eu estava vendo, não porque ele não me convencia, mas porque eu me recusava a cogitar que aquelas coisas eram verdade. Eu particularmente prefiro que quem sentir curiosidade não procure muito a respeito desse filme e apenas assista, traz acontecimentos que te deixarão boquiabertos.

Cena do filme “Rec” (2007)

“Rec” é um filme espanhol que narra a história de uma repórter e seu cinegrafista que estão acompanhando o corpo de bombeiros em vários acontecimentos noturnos, entretanto em um deles o corpo de bombeiros é chamado para entrar no prédio onde uma senhora está tendo um tipo de surto, ao chegar lá, eles se veem isolados ali junto aos moradores por uma questão de saúde pública, enquanto isso a equipe de reportagem decide filmar tudo que acontece naquele local. Vencedor de prêmios no Festival de Veneza, “Rec” nos mostra que um roteiro simples, mas bem executado pode arrepiar a alma.

Eu assisti a “Rec” com duas grandes amigas de infância e minha experiência foi totalmente imersiva, primeiro porque foi numa época em que eu me assustava bastante com temáticas assim e em segundo porque eu assisti no apartamento de uma delas que ironicamente tem a mesma aparência do prédio de “Rec”. O incrível desse filme é que ele vai por um rumo totalmente inesperado, quem o assiste sem saber de nada ou de pouquíssimas coisas se surpreende bastante com o rumo que a história leva, fora que se eu não soubesse que era um falso documentário na época eu duvidaria bastante dos fatos acontecidos em vídeo.

Cartaz de desaparecidos utilizado na divulgação do “documentário projeto bruxa de Blair” (1999)

“Projeto Bruxa de Blair” é um “documentário” a respeito da lenda da Bruxa de Blair. Três amigos Heather, Michael e Joshua vão a Burkittsville, Maryland (onde já foi chamado de Blair) para gravar depoimentos e filmar lugares que contribuem para essa lenda, mas acabam se perdendo na floresta. O grande ponto desse filme foi a grande jogada de marketing que fizeram dele nos anos 90, antes do filme lançar houveram reportagens na TV sobre a lenda da Bruxa de Blair e publicaram cartazes de desaparecidos dos produtores do documentário quando eles passaram dias na floresta. Além de tudo isso, os atores contratados para “produzir” esse documentário foram treinados a usar a câmera sozinhos e a improvisar falas. A mentira tomou proporções tão grandes que apareceu em festivais de cinema, mas com muita gente achando que se tratava de um documentário.

A minha curiosidade para assistir “Projeto Bruxa de Blair” se deu muito mais pela repercussão que ela teve nos anos 90. Depois de assistir ao filme, vi que ele funciona muito mais quando as pessoas acreditaram que ele era de fato um documentário achado. Não que o filme seja ruim, pelo contrário, ele traz um aspecto tão amador que realmente parece que tudo aquilo aconteceu, ou seja, ele é eficaz ao enganar um espectador desavisado. Bruxa de Blair é aquele filme que você não deve esperar jumpscares, o medo que ele traz (aos que permitirem adentrar na atmosfera) é o medo do desconhecido.

Então gente eu dividi os subgêneros em duas partes para não ficar muito grande, quando eu publicar a segunda parte vou anexar o link aqui. Na segunda parte eu vou falar sobre: thriller, sci-fi, psicológico, monstros e horror cósmico.

Link para a parte 2

--

--

Maysa Costa

Amante de filmes, desenhos, livros, séries, HQ’s e cultura pop em geral